O crédito é um elemento importante tanto para o desenvolvimento econômico do país quanto para empresas e clientes. No entanto, a recente crise aumentou a cautela de investidores e retraiu a oferta de crédito.
Por isso, os gestores têm buscado formas mais eficientes para realizar a análise de crédito com o intuito de garantir o retorno do investimento que fazem.
Mas qual a importância da análise de crédito e como utilizar esse recurso de forma correta em sua empresa?
Quais são os desafios do crédito em tempos de crise econômica?
O mercado de investimentos e o ciclo econômico do país andam de mãos juntas, de modo que um influencia o outro. Com uma retração de 3,6 no PIB do último ano, é natural que a concessão de recursos financeiros torne-se mais seletiva.
Por exemplo, setores da economia, como o automobilístico, a construção civil e os bens de consumo, tendem a sofrer mais do que outros. Com isso, os gestores de crédito, abastecidos de informações sobre o mercado, direcionam o crédito para setores menos afetados ou reforçam a questão de garantias.
Além disso, diversos outros fatores atenuantes os levam a tomar precauções. Considere o prejuízo decorrente de fraudes em transações financeiras. Somente em 2013, o Brasil acumulou um montante de 2,3 bilhões de perdas em decorrência de golpes.
Em acréscimo, o alto índice de inadimplência faz com que as empresas fiquem receosas para conceder crédito.
Segundo a Conferência Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), são cerca de 58 milhões de negativados no Brasil — 39% dos brasileiros economicamente ativos! E a crise está diretamente ligada a isso, já que a redução do PIB e o desemprego foram os principais catalisadores desse processo.
Em meio a esse cenário, análises de crédito ineficientes acabam afetando o faturamento, a liquidez e o fluxo de caixa. No entanto, as empresas não podem negar as vantagens que o crédito pode trazer aos seus negócios, como veremos a seguir.
Quais são os principais benefícios do crédito para uma empresa?
Apesar dos desafios, o crédito é fundamental para os gestores, pois se torna uma alavanca ao desenvolvimento das empresas, auxiliando no seu crescimento.
Para muitos empreendimentos, inclusive, o crédito é uma questão de sobrevivência, já que esse recurso passou a ficar intimamente atrelado ao faturamento do negócio e à cultura e tradição construídas por alguns lojistas ao longo do tempo. Muitas empresas até mesmo passaram a ser reconhecidas pela facilidade de crédito que dispunham aos seus clientes.
Não podemos esquecer também que as oportunidades de crédito induzem as pessoas ao consumo, movimentando a economia e gerando vagas de trabalho.
Entretanto, o crédito precisa ser liberado sempre em dosagens corretas. Também é importante não descuidar no que diz respeito à questão das taxas cobradas, que não podem ser demasiadamente elevadas.
A receita de sucesso para a aplicação desse investimento está na correta análise do crédito. Entenda como fazê-lo!
Como executar a análise de crédito de modo correto?
Vejamos algumas das principais práticas de uma análise de crédito eficiente:
Entenda a diferença entre crédito e financiamento
O primeiro passo é saber distinguir esses dois conceitos.
- O crédito tem por objetivo oferecer ao cliente um valor a ser utilizado de acordo com as necessidades dele.
- O financiamento é mais restrito, uma vez que já são planejados onde e como os recursos serão gastos. Dessa forma, a empresa que fornece o financiamento consegue calcular mais claramente o retorno do recurso disponibilizado.
Identifique o cliente
Agora vamos ao processo propriamente dito. Peça ao cliente os documentos de identificação (CPF e RG) e avalie a autenticidade dos registros. Certifique-se de que a ficha cadastral seja completamente preenchida.
Comprove sua residência
Comprove o endereço informado por meio das contas do cliente, como água, luz e telefone, com no máximo 3 meses de emissão.
Comprove a renda
Esse passo é importante para verificar se o cliente terá condições de pagar pelo crédito. Geralmente, o contracheque é suficiente para comprovar a renda. Caso seja autônomo, o avaliado poderá apresentar outros registros, como:
- declaração do sindicato, associação ou cooperativa;
- extrato do banco dos últimos três meses;
- Declaração Anual do Imposto de Renda;
- contratos de prestação de serviço e recibos de depósitos.
Consulte os órgãos de proteção ao crédito
O CPF será importante para consultar dados creditícios nos órgãos de proteção ao crédito, como SPC e SERASA.
Analise o mercado
Caso seja um crédito concedido a uma pessoa jurídica, avalie o mercado em que a empresa atua e como está o cenário econômico nacional e internacional. Afinal, como vimos, esses são aspectos também afetam a probabilidade de o cliente pagar pelo crédito disponibilizado.
Avalie a gestão do negócio
Novamente referente à pessoa jurídica, analise de que forma a empresa é gerida, já que isso definirá sua saúde financeira para cumprir seu compromisso. Verifique, por exemplo, se o negócio é de família ou se sua gestão tem um nível mais profissional.
Siga os 6 C’s
Em resumo, Gustavo Cerbasi propõe uma metodologia baseada em 6 C’s para analisar o crédito de forma correta. São eles:
- Caráter: o cliente é confiável e tem boa reputação?
- Capacidade: o negócio do cliente é capaz de produzir e comercializar satisfatoriamente?
- Capital: como anda a saúde financeira do cliente?
- Colateral: o cliente e seus sócios são capazes de dar garantias?
- Condições: o negócio do cliente é flexível e adaptável às variáveis externas?
- Conglomerado: como está a integração do cliente dentro do grupo de empresas do mesmo mercado em que ele atua?
Esses princípios levam em consideração o próprio perfil do cliente, a estrutura e a forma como ele gestiona o negócio.
Trace o perfil do cliente
Com todas as informações em mãos, será possível delinear o perfil completo do cliente e, assim, concluir se ele se encaixa no que a empresa exige para liberar o crédito.
Uma análise de crédito realizada com eficiência será essencial para lançar mão do potencial estratégico que esse recurso possui, ao mesmo tempo que garante um retorno satisfatório à empresa.
Fonte: Blog Acordo Certo